27 maio 2010


"(...) As expressões faciais atropelavam-se, os músculos oculares faziam movimentos involuntários incessantemente contraditórios, as mãos suavam e os joelhos estavam presos, ou pareciam. A memória fotográfica atriçoa o esforço de lembrança dos corredores que teriam milhões de kms e seriam pálidos, desmaiados, quase incolores e totalmente inodoros. De repente o cérebro quase pára e o corpo pede o calor de um abraço de força, a alma precisa de ajuda e o espírito procura uma saída. Os sapatos calcam o chão que se assemelha a um colchão de espuma, tal é a sensação de fraqueza que perturba o caminhar.

O ar que inspirava parecia tão leve que nem sequer as vias respiratórias davam sinal dele, em movimentos ascendentes e descendentes. O palato tinha desaparecido e o tacto talvez estivesse no buraco negro, ou lá perto, quem sabe... Talvez os sentidos tivessem tirado férias e tivessem deixado o corpo fazer sozinho a custosa viagem, qual caixote de mercadorias pousado num tapete rolante para entrega no quarto 215. (...)"

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